Terça-feira, 20 de Janeiro de 2009

DESAFIO

Olá olá!

 

Fui desafiada pela minha co-blogger Susel para o seguinte:

 

 

 

Instruções:

 
a) escrever uma lista com 8 coisas que sonho fazer/ter
b) convidar 8 bloguistas a responder ao mesmo
c) comentar no blog de quem partiu o desafio
d) comentar no blog de quem desafiamos
e) mencionar as regras

 

Queria estar à altura do desafio, mas na verdade não conheço oito bloguistas para lhes propor este desafio... Susel! Conto contigo para me apresentares às tuas co-bloggers! Pode ser que assim consiga conhecer mais gente e que para a próxima possa corresponder mais facilmente aos teus desafios!

 

Vou desafiar a unica bloguista (além da Susel, claro) que sei que acompanha o meu blog, a minha querida prima Simone em http://familiacafecomleite.blogs.sapo.pt

 

E agora as respostas:

 

1 - Queria poder acompanhar a vida da minha filha o mais possivel!! Conhecer os seus amores e partilhar com ela as suas alegrias. Conhecer os meus netos e bisnetos. Poder ser chamada de avozinha... era o máximo!

 

2 - Nunca perder a ligação com a minha filha. Ser sempre a sua amiga, confidente e conselheira. Ser sempre a sua heroína e o seu porto de abrigo. Sobreviver à sua adolescência sem perder a minha filha amiga pelo caminho.

 

3 - Conservar para sempre o amor do meu marido. É e será sempre o Amor da minha vida e quero partilha-la com ele enquanto respirar.

 

4 - Gostava que me saísse o euromilhões... porque assim era o mesmo que dizer que saía o euromilhões à familia toda! Conseguia mudar de casa, comprar um carro para mim, trocar de carro para o meu marido, escolher o melhor colégio para a minha filha, deixar de trabalhar e ainda ajudar as pessoas que me são mais queridas!

 

5 - Queria ter uma moradia... daquelas grandes e românticas...com um jardim relvado, uma piscina, um barbecue,uma sala com muitas cadeiras e sofás para juntar todos os amigos, um espaço para uma casinha de brincar e um baloiço... o meu cantinho perfeito...

 

6 - Gostava de ter o meu próprio negócio. Um cafézinho acolhedor, com bolos à fatia, chá e café quentinhos, uma juke box a tocar oldies e um sorriso estampado no rosto de todos os meus clientes.

 

7 - Gostava de adoptar um menino. Poder apagar toda a tristeza do seu coração partilhando consigo a minha família. E assim, dava mais um mano à minha filha querida.

 

8 - Gostava que houvesse vida para além da morte. Que o paraíso fosse uma realidade... para que pudesse partilhar a eternidade com aqueles que mais amo.

 

bj

 

 

 

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Sábado, 10 de Janeiro de 2009

A Esquina Anti-Vicentes

 

 

O ano de 2009 começou com um episódio pouco feliz. A minha sobrinha Matilde de 2 anitos (Teteca para os amigos) bateu com a cabeça numa esquina de madeira na casa do meu irmão e teve de ir ao Hospital.

 

 

Quando me contaram nem queria acreditar! Nem posso imaginar o apuro da minha cunhada Sofia quando se apercebeu que a sua menina preciosa estava a sangrar... é um daqueles momentos da nossa vida a que eu chamo: momento do "agora ou nunca". É um daqueles momentos em que precisamos de estar acima de todos os nossos medos, todas as nossas inibições. Temos de ser fortes num momento de fraqueza, calmas num momento de pânico, preparadas num momento completamente inesperado... temos de ser super-mulheres...temos de ser Mães.
São estes momentos "agora ou nunca" que me aterrorizam. Estarei à altura quando esse momento chegar? porque a questão não é SE chega...é quando. As crianças serão sempre crianças e por mais protectores que sejamos nunca vamos poder evitar um ou outro momento de aflição... a Sofia soube lidar com a situação, como boa mãe que é, e apesar do susto e do corte na cabeça, hoje a Matilde continua a mesma menina travessa, agitada e feliz que sempre foi (com uma cicatriz adicional na testa para mais tarde recordar).
 
E de quem foi a culpa por esta cicatriz? Eu digo que foi da esquina onde ela bateu! A esquina anti-Vicentes!
Porquê anti-Vicentes? Porque aquela esquina traiçoeira já deixou marcas num outro membro da família há precisamente 28 anos atrás... e ainda tenho a cicatriz no nariz para me recordar desse episódio insolito.
Não foi bem aquela esquina, naquela casa. Mas foi a sua "prima" na casa onde vivi 20 anos. As casas no nosso bairro são todas muito parecidas e aquela esquina existe em todas elas.
Eu explico o sucedido. Mas para isso tenho de recuar no tempo mais uma vez. Cá vai:
 
Foi em 1980. Não sei em que mês nem dia. Eu tinha 2 anos e o meu irmão 4. Estávamos sozinhos em casa.
Porquê? Não sei. Depois de crescer e entender que foi uma situação evitável, nunca perguntei aos meus pais o que raio pensaram naquele dia em que decidiram ir comprar papel de parede e nos deixaram aos dois entregues à nossa sorte.
Terá sido por imaturidade? Inexperiencia? excesso de confiança no destino? Por acharem que um tecto sobre as nossas cabeças e uma porta fechada seriam suficientes para que nenhum mal nos acontecesse? Não sei... talvez tenha sido um misto destes factores, talvez tenha sido por outra coisa qualquer... Isso agora já não interessa. Já passou. Hoje tenho 30 anos e o meu irmão 33 acabadinhos de fazer. Pelos vistos o destino foi benevolente e deixou que cá estivessemos hoje com todos os dedos das mãos e dos pés (com mais ou menos cicatrizes) para contar as nossas histórias.
Mas deixem que ilustre bem as nossas idades nessa altura. Com dois anos eu era uma menina tranquila. Sentavam-me em qualquer canto da casa e eu ali ficava a brincar com as bonecas ou a ver os desenhos nos livros das histórias do avozinho.
Já os 4 anos do meu irmão... como defini-los? Estão a ver a semente de Satanás? Foi-me apresentada à nascença. Chamava-se João Paulo (que ironia, como o papa) e o seu objectivo na vida era testar todos os limites: os seus, os meus, os do Planeta...
Ora com os pais fora, apresentou-se a oportunidade ideal para o João (aka pequeno Satanás) testar mais um ou dois limites.
Limite 1 - "O que estará dentro desta gaveta da cozinha?"
Limite 2 - "Onde posso usar esta faca tão grande que mede quase tanto como o braço da minha irmã?"
Limite 3 - "AHA! Vou espeta-la nesta esquina de madeira com tanta força como nos filmes!! Sou um mauzããããããããoooooooo!"
Limite 4 - "Enaaaaaaaaaaaa! Depois de cinco ou seis facadas na madeira finalmente espetei a faca com tanta força que nem a consigo tirar!! WOWW!!! Alguém tem de ver isto! Contado ninguém acredita!! Ó MA-RI-TAAAAAAAAAAA!!!! ANDA CÁ DEPRESSAAAA!!!"
 
Marita é como o meu irmão me chama desde sempre. Esse era para ser o meu nome, mas não deixaram registar. Dividiu-se. Fiquei Mara Rita. Mas para o meu irmão, que me chamava Marita desde o tempo em que eu era ainda um feijãozinho na barriga da minha mãe, o meu nome ficou sempre este.
De qualquer forma, por muitos anos não o usou. Substituiu-o por "estupida". Para ele, esse era de facto o meu nome do meio, por assim dizer. Eu era uma chata pequenina que queria andar atrás dele para todo o lado e que roubava o carinho do pai e da mãe. O carinho que foi só dele durante muito tempo.
Hoje voltei a ser Marita. Às vezes já sou só Mara... deve ser porque sente que já somos crescidos e acha o nome meio infantil. Eu cá adoro ser Marita. A Marita do pai, da mãe e do irmão ainda em 1980. Quando a ingenuidade não permitia discussões, desilusões, intrigas e invejas. Quando os sorrisos nas fotografias eram genuinamente felizes.
 
E eu lá fui, tranquila. Quando vi o que ele estava a fazer pensei logo que alguma coisa ia correr mal. Ele ia ser apanhado. Como é que ia esconder da mãe aquelas talhadas na madeira?? Peguei num banquinho e sentei-me ao lado dele. Não queria ter nada que ver com aquela aventura, mas também não queria arreliar o pequeno Satanás (principalmente quando este tinha uma faca de talhante na mão!!)
"VEM CÁ VER!! ESPETEI A FACA TÃO FUNDO QUE NÃO SAI!!! FOGUUUUUU!!!" Dizia ele com os olhos a brilhar, como se tivesse encontrado a cura para o cancro.
"ESPREITA LÁ AQUI DE BAIXO!!! É QUE NÃO SAI MESMO!!!"
E eu espreitei. Mas no preciso momento em que pus o nariz onde não era chamada e espreitei perto, bem perto do sítio onde a faca estava espetada, a madeira cedeu e numa fracção de segundos eu e o meu irmão estavamos metidos no maior sarilho das nossas curtas vidas!
A faca voou em direcção ao meu nariz e de repente havia sangue por todo o lado, o meu irmão gritava e chorava que nem um louco e eu andava pela cozinha com as mãos em conchinha a aparar o sangue que escorria pelo nariz e fazia aparecer pintinhas vermelhas no chão.
O meu irmão estava completamente fora de si. Sempre a chorar que nem um desalmado procurava qualquer coisa para me colocar na cara e parar o sangue. A única coisa que lhe ocorreu foi dar-me um pano que encontrou numa das gavetas da cozinha. Um pano do chão que a minha mãe tinha comprado há pouco tempo e ainda estava a estrear. Um daqueles panos cinzentos e fofinhos a que chamavamos "pano do chão"  porque servia quase em exclusivo para lavar isso mesmo, o chão. Ainda se vendem, mas já são poucas as pessoas que se ajoelham a limpar com eles.
Depois de perceber que o sangue não parava nem mesmo com o pano, decidi deixar o meu irmão a carpir as mágoas na varanda e fui bater à porta da minha vizinha do lado.
 
Num bairro social, o espírito de comunidade é mais forte do que em qualquer outro lado. Quando se tem um amigo é para a vida toda. E um vizinho é não só um amigo, mas um membro da familia.
Pelo menos era assim no prédio onde eu vivia. Quantas vezes fui bater à porta do lado para a Dª Gracinda ver se o leite que eu tinha no frigorifico estava estragado antes de o beber... quantas vezes fui pedir açucar, ovos, manteiga... e quantas vezes fui bater à porta da Dª Fátima porque tinha medo de ficar sozinha em casa e sabia que podia ficar na sua companhia a tarde inteira, a ver o vizinho Manel a arranjar sapatos (era e é o sapateiro do bairro) e a conversar mais com ele numa hora que ele com os filhos uma vida inteira.
 
Haviam de ver a cara da Dª Filipa (a nora da vizinha do lado) quando me viu toda ensanguentada com um pano do chão na cara, a olhar para ela! Ficou estarrecida, coitada! Levou-me para a casa de banho e lavou-me muito bem a cara, mas quando viu que o sangue não parava foi a correr tocar à casa da Dª Fátima e lá se organizaram para que uma ficasse com o meu irmão e a outra fosse comigo aos Bombeiros.
Foi a primeira vez que me lembro de andar de autocarro. É incrivel, mas recordo-me perfeitamente da viagem. Fui sentar-me num dos bancos de trás com a Dª Fátima, que fazia os impossiveis por me fazer esquecer a ferida aberta que tinha no nariz. Fui parar aos Bombeiros de Queluz (que ainda são no mesmo sitio) e depois de me dizerem trinta mil vezes que eu era uma menina muito forte, vim de lá com um mega penso no nariz e uma história para contar 28 anos depois.
Contam as minhas vizinhas entre gargalhadas (anos depois já se conseguem rir de todo aquele episódio) que o meu irmão ficou inconsolável a chorar a um canto da varanda da minha casa e a repetir: "Se ela morrer, eu vou no mesmo caixããããããooo!!!"
Tadito... agora vendo bem até tenho pena dele :-)
Quando os meus pais chegaram a casa ficaram para morrer com tudo o que se havia passado (pudera...)
O castigo do João Paulo - era assim que a minha mãe nos chamava quando nos portavamos mal, pelos dois primeiros nomes -  foi ficar sem o caderno do Pluto que tinham comprado para ele (TOMAAAAAAAAAAAAA!!!!).
Já eu fiquei com dois cadernos e uma cicatriz...ena!
Bem, não é toda a gente que,como eu, quando questionada sobre a sua cicatriz evidente no nariz responde serenamente: "foi o meu irmão que me deu uma facada".
100% chavala do guetto, he he he.
 
Como veem, não é de animo leve que chamo à tal esquina, a esquina "Anti-Vicentes".
O meu irmão também deve achar o mesmo... ou não tivesse ele desatado a chorar assim que soube do que se tinha passado com a pequena Teteca.
 
2-0 para a esquina, irmão.
 
Ainda assim, enquanto forem as esquinas a fazer as mossas, enquanto as feridas puderem sarar com algodão, tintura de iodo, um sopro e um beijinho, a vida ainda nos sorri.
Tenho mais medo das pessoas do que das esquinas. Porque as pessoas sabem magoar com muito mais precisão e força. E as suas feridas sangram muito mais profundamente. E muitas delas ficam para a vida toda.
Quero poder estar lá sempre que for preciso soprar qualquer ferida da minha filha... seja no joelho ou no coração.
 
 
bjs
 

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