Sábado, 10 de Janeiro de 2009

A Esquina Anti-Vicentes

 

 

O ano de 2009 começou com um episódio pouco feliz. A minha sobrinha Matilde de 2 anitos (Teteca para os amigos) bateu com a cabeça numa esquina de madeira na casa do meu irmão e teve de ir ao Hospital.

 

 

Quando me contaram nem queria acreditar! Nem posso imaginar o apuro da minha cunhada Sofia quando se apercebeu que a sua menina preciosa estava a sangrar... é um daqueles momentos da nossa vida a que eu chamo: momento do "agora ou nunca". É um daqueles momentos em que precisamos de estar acima de todos os nossos medos, todas as nossas inibições. Temos de ser fortes num momento de fraqueza, calmas num momento de pânico, preparadas num momento completamente inesperado... temos de ser super-mulheres...temos de ser Mães.
São estes momentos "agora ou nunca" que me aterrorizam. Estarei à altura quando esse momento chegar? porque a questão não é SE chega...é quando. As crianças serão sempre crianças e por mais protectores que sejamos nunca vamos poder evitar um ou outro momento de aflição... a Sofia soube lidar com a situação, como boa mãe que é, e apesar do susto e do corte na cabeça, hoje a Matilde continua a mesma menina travessa, agitada e feliz que sempre foi (com uma cicatriz adicional na testa para mais tarde recordar).
 
E de quem foi a culpa por esta cicatriz? Eu digo que foi da esquina onde ela bateu! A esquina anti-Vicentes!
Porquê anti-Vicentes? Porque aquela esquina traiçoeira já deixou marcas num outro membro da família há precisamente 28 anos atrás... e ainda tenho a cicatriz no nariz para me recordar desse episódio insolito.
Não foi bem aquela esquina, naquela casa. Mas foi a sua "prima" na casa onde vivi 20 anos. As casas no nosso bairro são todas muito parecidas e aquela esquina existe em todas elas.
Eu explico o sucedido. Mas para isso tenho de recuar no tempo mais uma vez. Cá vai:
 
Foi em 1980. Não sei em que mês nem dia. Eu tinha 2 anos e o meu irmão 4. Estávamos sozinhos em casa.
Porquê? Não sei. Depois de crescer e entender que foi uma situação evitável, nunca perguntei aos meus pais o que raio pensaram naquele dia em que decidiram ir comprar papel de parede e nos deixaram aos dois entregues à nossa sorte.
Terá sido por imaturidade? Inexperiencia? excesso de confiança no destino? Por acharem que um tecto sobre as nossas cabeças e uma porta fechada seriam suficientes para que nenhum mal nos acontecesse? Não sei... talvez tenha sido um misto destes factores, talvez tenha sido por outra coisa qualquer... Isso agora já não interessa. Já passou. Hoje tenho 30 anos e o meu irmão 33 acabadinhos de fazer. Pelos vistos o destino foi benevolente e deixou que cá estivessemos hoje com todos os dedos das mãos e dos pés (com mais ou menos cicatrizes) para contar as nossas histórias.
Mas deixem que ilustre bem as nossas idades nessa altura. Com dois anos eu era uma menina tranquila. Sentavam-me em qualquer canto da casa e eu ali ficava a brincar com as bonecas ou a ver os desenhos nos livros das histórias do avozinho.
Já os 4 anos do meu irmão... como defini-los? Estão a ver a semente de Satanás? Foi-me apresentada à nascença. Chamava-se João Paulo (que ironia, como o papa) e o seu objectivo na vida era testar todos os limites: os seus, os meus, os do Planeta...
Ora com os pais fora, apresentou-se a oportunidade ideal para o João (aka pequeno Satanás) testar mais um ou dois limites.
Limite 1 - "O que estará dentro desta gaveta da cozinha?"
Limite 2 - "Onde posso usar esta faca tão grande que mede quase tanto como o braço da minha irmã?"
Limite 3 - "AHA! Vou espeta-la nesta esquina de madeira com tanta força como nos filmes!! Sou um mauzããããããããoooooooo!"
Limite 4 - "Enaaaaaaaaaaaa! Depois de cinco ou seis facadas na madeira finalmente espetei a faca com tanta força que nem a consigo tirar!! WOWW!!! Alguém tem de ver isto! Contado ninguém acredita!! Ó MA-RI-TAAAAAAAAAAA!!!! ANDA CÁ DEPRESSAAAA!!!"
 
Marita é como o meu irmão me chama desde sempre. Esse era para ser o meu nome, mas não deixaram registar. Dividiu-se. Fiquei Mara Rita. Mas para o meu irmão, que me chamava Marita desde o tempo em que eu era ainda um feijãozinho na barriga da minha mãe, o meu nome ficou sempre este.
De qualquer forma, por muitos anos não o usou. Substituiu-o por "estupida". Para ele, esse era de facto o meu nome do meio, por assim dizer. Eu era uma chata pequenina que queria andar atrás dele para todo o lado e que roubava o carinho do pai e da mãe. O carinho que foi só dele durante muito tempo.
Hoje voltei a ser Marita. Às vezes já sou só Mara... deve ser porque sente que já somos crescidos e acha o nome meio infantil. Eu cá adoro ser Marita. A Marita do pai, da mãe e do irmão ainda em 1980. Quando a ingenuidade não permitia discussões, desilusões, intrigas e invejas. Quando os sorrisos nas fotografias eram genuinamente felizes.
 
E eu lá fui, tranquila. Quando vi o que ele estava a fazer pensei logo que alguma coisa ia correr mal. Ele ia ser apanhado. Como é que ia esconder da mãe aquelas talhadas na madeira?? Peguei num banquinho e sentei-me ao lado dele. Não queria ter nada que ver com aquela aventura, mas também não queria arreliar o pequeno Satanás (principalmente quando este tinha uma faca de talhante na mão!!)
"VEM CÁ VER!! ESPETEI A FACA TÃO FUNDO QUE NÃO SAI!!! FOGUUUUUU!!!" Dizia ele com os olhos a brilhar, como se tivesse encontrado a cura para o cancro.
"ESPREITA LÁ AQUI DE BAIXO!!! É QUE NÃO SAI MESMO!!!"
E eu espreitei. Mas no preciso momento em que pus o nariz onde não era chamada e espreitei perto, bem perto do sítio onde a faca estava espetada, a madeira cedeu e numa fracção de segundos eu e o meu irmão estavamos metidos no maior sarilho das nossas curtas vidas!
A faca voou em direcção ao meu nariz e de repente havia sangue por todo o lado, o meu irmão gritava e chorava que nem um louco e eu andava pela cozinha com as mãos em conchinha a aparar o sangue que escorria pelo nariz e fazia aparecer pintinhas vermelhas no chão.
O meu irmão estava completamente fora de si. Sempre a chorar que nem um desalmado procurava qualquer coisa para me colocar na cara e parar o sangue. A única coisa que lhe ocorreu foi dar-me um pano que encontrou numa das gavetas da cozinha. Um pano do chão que a minha mãe tinha comprado há pouco tempo e ainda estava a estrear. Um daqueles panos cinzentos e fofinhos a que chamavamos "pano do chão"  porque servia quase em exclusivo para lavar isso mesmo, o chão. Ainda se vendem, mas já são poucas as pessoas que se ajoelham a limpar com eles.
Depois de perceber que o sangue não parava nem mesmo com o pano, decidi deixar o meu irmão a carpir as mágoas na varanda e fui bater à porta da minha vizinha do lado.
 
Num bairro social, o espírito de comunidade é mais forte do que em qualquer outro lado. Quando se tem um amigo é para a vida toda. E um vizinho é não só um amigo, mas um membro da familia.
Pelo menos era assim no prédio onde eu vivia. Quantas vezes fui bater à porta do lado para a Dª Gracinda ver se o leite que eu tinha no frigorifico estava estragado antes de o beber... quantas vezes fui pedir açucar, ovos, manteiga... e quantas vezes fui bater à porta da Dª Fátima porque tinha medo de ficar sozinha em casa e sabia que podia ficar na sua companhia a tarde inteira, a ver o vizinho Manel a arranjar sapatos (era e é o sapateiro do bairro) e a conversar mais com ele numa hora que ele com os filhos uma vida inteira.
 
Haviam de ver a cara da Dª Filipa (a nora da vizinha do lado) quando me viu toda ensanguentada com um pano do chão na cara, a olhar para ela! Ficou estarrecida, coitada! Levou-me para a casa de banho e lavou-me muito bem a cara, mas quando viu que o sangue não parava foi a correr tocar à casa da Dª Fátima e lá se organizaram para que uma ficasse com o meu irmão e a outra fosse comigo aos Bombeiros.
Foi a primeira vez que me lembro de andar de autocarro. É incrivel, mas recordo-me perfeitamente da viagem. Fui sentar-me num dos bancos de trás com a Dª Fátima, que fazia os impossiveis por me fazer esquecer a ferida aberta que tinha no nariz. Fui parar aos Bombeiros de Queluz (que ainda são no mesmo sitio) e depois de me dizerem trinta mil vezes que eu era uma menina muito forte, vim de lá com um mega penso no nariz e uma história para contar 28 anos depois.
Contam as minhas vizinhas entre gargalhadas (anos depois já se conseguem rir de todo aquele episódio) que o meu irmão ficou inconsolável a chorar a um canto da varanda da minha casa e a repetir: "Se ela morrer, eu vou no mesmo caixããããããooo!!!"
Tadito... agora vendo bem até tenho pena dele :-)
Quando os meus pais chegaram a casa ficaram para morrer com tudo o que se havia passado (pudera...)
O castigo do João Paulo - era assim que a minha mãe nos chamava quando nos portavamos mal, pelos dois primeiros nomes -  foi ficar sem o caderno do Pluto que tinham comprado para ele (TOMAAAAAAAAAAAAA!!!!).
Já eu fiquei com dois cadernos e uma cicatriz...ena!
Bem, não é toda a gente que,como eu, quando questionada sobre a sua cicatriz evidente no nariz responde serenamente: "foi o meu irmão que me deu uma facada".
100% chavala do guetto, he he he.
 
Como veem, não é de animo leve que chamo à tal esquina, a esquina "Anti-Vicentes".
O meu irmão também deve achar o mesmo... ou não tivesse ele desatado a chorar assim que soube do que se tinha passado com a pequena Teteca.
 
2-0 para a esquina, irmão.
 
Ainda assim, enquanto forem as esquinas a fazer as mossas, enquanto as feridas puderem sarar com algodão, tintura de iodo, um sopro e um beijinho, a vida ainda nos sorri.
Tenho mais medo das pessoas do que das esquinas. Porque as pessoas sabem magoar com muito mais precisão e força. E as suas feridas sangram muito mais profundamente. E muitas delas ficam para a vida toda.
Quero poder estar lá sempre que for preciso soprar qualquer ferida da minha filha... seja no joelho ou no coração.
 
 
bjs
 
Sábado, 27 de Dezembro de 2008

AI, O NATAL, O NATAL...

Sempre que sinto o Natal aproximar-se fico nostalgica... o Natal lembra-me muito a minha querida Avó Rosa. A Avó Rosa vivia o Natal como uma criança. E quando eu e o meu irmão eramos mais novos, o Natal era uma festa vivida com a mesma intensidade pelos três. Todos os anos, vários dias antes do Natal, a minha Avó ligava para nós muito animada e entre dentes perguntava que prendas a minha mãe tinha comprado para ela.

Chegava ao cúmulo de trocar segredos! Nós ficavamos a saber o que o avô tinha comprado para nós (ou até mesmo o que a minha mãe nos tinha comprado, se preciso fosse...a minha avó fazia de tudo para antecipar a alegria de receber prendas!) e nós contavamos o que a minha mãe tinha escolhido para ela.

Claro que quando chegava o dia de abrir os presentes era um galhofa pegada porque fazíamos grandes cenas de teatro com gritos de surpresa e contentamento quando já estávamos carecas de saber o que lá vinha.

Eu adorava passar o Natal na minha Avó. Todos os anos cortava um pinheirinho pequenino do pinhal perto de casa e colocava-lhe enfeites suficientes para cobrir a árvore do Rockefeller Center. Ficava tão enfeitada, tão enfeitada que não se via nem uma única agulha verde do pinheiro!

Nunca faltavam os bonecos de chocolate pendurados na árvore. A minha Avó bem insistia connosco para que só os comessemos no dia de Natal, mas a gula subrepunha-se ao cumprimento das regras e tornavamo-nos verdadeiros escultores de papel de aluminio quando tentavamos voltar a moldar os bonecos depois de já termos comido o chocolate. Não houve um ano que se tivesse queixado da falta dos bonecos (e não houve um ano em que não se apercebesse das nossas "fintas").

O Natal era verdadeiramente a festa da família. O meu tio Zé tradicionalmente trazia o Bolo-Rei, os frutos secos (figos, passas, nozes, amendoas...) e o espumante. As mulheres da casa batiam quilos de massa doce num alguidar para mais tarde a fritarem e esta se transformar e fofinhas filhós, que cobriamos de açucar e canela e comiamos até não caber mais nada na barriga.

Ao jantar não podia faltar o tradicional bacalhau cozido com as batatas, o ovo e a couve. Não se concebia sequer a ideia de fazer outra comida nesse dia (por mais que eu e o meu irmão suplicassemos por bife comm batatas fritas cortadas às rodelas como só a  minha avó fazia para nós).

As horas passadas desde o final do jantar até à meia-noite eram de pura tortura... de 10 em 10 minutos iamos a correr perguntar: "já tá na hora? já tá na hora?"

Nunca ficámos à espera para ver o Pai Natal. A minha avó dizia sempre de uma forma carinhosa: "então, o que pediram ao menino Jesus este ano?" Achava mais agradável a ideia de nos ver rezar ao Menino Jesus do fundo do coração do que a uma personagem inexistente.

Mal sabia ela que a minha mãe desde sempre nos fez perceber que os presentes vinham da carteira dos pais e não do coração dos filhos...

Para matar o tempo ficavamos sentados no pequeno sofá da sua minuscula sala a ver televisão. Uma televisão a preto e branco, com uma tela verde para "dar uma imagem mais bonita", como dizia o meu tio Mariano (que todos os anos começava o dia animado e o acabava a discutir com o meu avô por causa dos resultados de futebol). Pobre tio Mariano, que soube ser Sportinguista ferrenho em casa de Benfiquistas loucos numa altura em que as taças eram todas nossas. Não era preciso muito para o colocar com o ego no chão, nessa altura. E o meu tio Mariano (fazendo juz à tradição anual) afogava as mágoas futebolisticas em vinho do Porto enquanto o meu avô o acompanhava entusiasticamente, regalado da vida por ser Natal, por ter a familia à sua volta...mas sobretudo porque o Benfica tinha tudo para voltar a ser campeão!

Viamos o Natal dos Hospitais de fio a pavio (a minha avó adorava), aninhadas no sofá, cobertas com várias camadas de cobertores e acompanhadas com chá de limão e pão-de-ló.

Ainda hoje tento beber chá e comer pão-de-ló neste dia. Por um breve momento fecho os olhos e consigo ver a minha avó a sorrir para mim enquanto coloca as várias colheres de açucar de que tanto gostava no seu chá (e que tanto mal lhe fizeram, ao fim e ao cabo). Mas tem de ser só por um momento, um breve momento. Senão as saudades apertam demais e acabo por chorar.

E lá estávamos nós a ver o Dino Meira, o duo ele e ela, as Doce, o Carlos Paião, ou sei lá eu quem mais... até que chegava a hora! Sentávamo-nos todos juntos e era um frenesim de fitas e papel de embrulho naquela sala que no final da noite já não se distinguiam as prendas do lixo. Não faltavam as meias, as camisolas interiores e os pijaminhas quentinhos... porque o dinheiro não abundava e todos precisavamos de mais do que jogos, bolas ou brinquedos. Mas isso também não faltava. De uma maneira ou de outra o meu irmão ganhava sempre a sua bola de "catchumbe" e eu a minha boneca (mais uma para ir viver nas torres de livros que construia encostadas a uma parede do meu quarto e nas quais ninguém discutia nem gritava). Ali a rotina do "olá querido! - chuack - bom dia! queres comer? - nham, nham - vais trabalhar? Até logo! - vrum, vrum - olá! Que saudades! Já estás de volta! vamos jantar - nham, nham - Tenho sono meu amor. Vamos dormir. Até amanhã!" - chuack - era o conceito de vida perfeita que eu tinha. E que as minhas queridas bonecas viviam todos os dias.

Após a troca de prendas, todos nós recolhiamos o nosso montinho de felicidade e iamos contentes e exaustos para a caminha.

A minha querida avó deitava-nos num colchão que parecia ser forrado a palha. Era frio. frio, mas fofinho como o abraço que nos dava quando nos ia aconchegar. Sobre as 4 mantas que já tinhamos em cima colocava ainda outra. Não podia dormir com a ideia que os netos estariam a passar frio.Ficávamos tão soterrados em mantas que mal nos mexiamos! E colocava sempre duas cadeiras encostadas à nossa cama para não cairmos durante a noite (fez isto durante anos, mesmo depois de crescidos).

Às vezes cantava-me umas cantigas para me embalar. Lembro-me de a ouvir cantar "guitarra toca baixinho" umas 60 vezes seguidas (era o necessário até eu adormecer...)

 

 

 

 

 

Nos primeiros dias em que tive a Sara comigo em casa, cantei-lhe essa musica e ela dormiu tranquila. Chorei enquanto cantava. Com saudades da minha avó, mas sobretudo com pena por não a ter presente para ver as bisnetas crescerem e para as mimar como merecem.

A noite já ia longa. Eu e o meu irmão ficávamos horas a rir no escuro com os sons do ressonar do meu avô e a crescente impaciencia da minha avó que de vez em quando sussurrava: "ó Jaquim, vira-te!".Finalmente chegava o sono, mas não sem antes passar em revista pelo pensamento as prendas lindas que tinha recebido e pensar: "Mal posso esperar para estrear a minha roupa nova amanhã!"

E de repente parecia que toda a felicidade do mundo se tinha concentrado naquele pequeno sotão de madeira, quase uma casinha de bonecas, onde vivia a minha Avó.

 

Há uns anos que nos deixou. E com ela foi-se quase toda a magia do meu Natal.

Deixei de acreditar em Deus. No menino Jesus e na Virgem Maria. Também não acredito na Nossa Senhora de Fátima que a minha avó adorava.

Nenhum a ajudou a ficar por cá. Nenhum lhe deu a mão para, pelo menos, partir sem sofrimento.

Com ela partiu toda a minha fé. Mas ficaram as boas lembranças.

Não está cá para mimar a minha filha, mas estará sempre no nosso coração. E um dia mais tarde vou apresentar a Sara à memória desta grande Senhora que foi Rosa Luisa Correia... a minha avó.

 

Eu herdei o espírito natalício da minha avó... sem dúvida!

Ainda não entrou Dezembro e já eu estou a montar a árvore de Natal e a fazer a lista de presentes que vou comprar a meio mundo.

Faço sempre questão de assinalar o Natal no meu calendário com honras de Estado!

Só que este ano o nosso Natal foi tudo menos planeado. Com a Sara tão pequenina, não houve tempo nem vontade para, sequer, montar a árvore de Natal na sala...e a lista de prendas foi feita 24h antes do dia 24.

As prendas foram compradas em cima do joelho e nem uns postaizinhos consegui escrever. Tsss, tsss...

Fomos comprar as prendas todas num só dia e, claro está, fiquei de rastos. A meio do dia já tinha as costas feitas num oito e uma mama toda gretada! Quando cheguei a casa, exausta e doente, medi a febre e tinha 38,6 graus. "Menos!" foi o que o meu corpo me gritou o dia todo. Devia ter-lhe dado ouvidos!

Andámos às voltas a emoldurar fotografias da minha filha para oferecer à família e a embrulhar todas as prendas que comprámos. Que estafa!!

Quando saímos de casa para jantarmos com os restantes Figueiredo eram já 22h30. Jantámos à 1h da manhã (a familia é grande e havia muito que fazer) e só abrimos as prendas lá para as 2h...

Os Figueiredo são gente animada e por isso o Natal não pode deixar de ter alegria e diversão. Acabamos a noite com as bochechas a doer de tanto rir (como em qualquer reunião familiar) e felizes com as reacções genuinamente boas às prendas que se foram trocando.

Escrevem-se postais sentidos e trocam-se beijos e abraços entre quem se ama verdadeiramente e quer partilhar felicidade. São prendas desinteressadas. Especiais por isso mesmo.

Fico com pena de não ter a minha familia comigo. Em especial a minha cunhada Sofia, que vive o Natal como eu. E que sente a falta da mãe, que já não tem, e que por isso mesmo precisa de mais carinho e amor nesta altura do ano.

No dia 25 fui almoçar com os Vicente. O "meu" lado da familia. Comentámos que há muito tempo que não passava a véspera de Natal longe deles e tentámos fazer um "Natal, lado B" naquele dia.

Trocámos prendas simbólicas entre todos. Comemos e bebemos e conversámos a tarde inteira.

É bom regressar ao bairro onde cresci e revisitar lugares e caras familiares nesta altura do ano. Mas é sobretudo bom poder estar na companhia do meu irmão e da sua filha (linda, linda) e conversar com ele tranquilamente, sem invejas nem ressentimentos.

Tenho a certeza que a minha avó estaria orgulhosa de nós.

Os seus netos são felizes. Temos ao nosso lado alguém que amamos intensamente. Temos filhos saudáveis e felizes que nos plantam um sorriso parvo na cara só por olharem para nós.

Não há prenda nenhuma no Mundo capaz de nos dar este sentimento.

 

 

 

 

Foi um Natal nada planeado. Mas conseguiu, ainda assim, ser um Natal em família (e sem discussões nem tristeza).

 E isso é que interessa.

 

Feliz Natal... que o Reveillon vai ser outra aventura! :-)

 

Bj

 

 

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